terça-feira, 4 de abril de 2017

O médico legista


Resultado de imagem para cadaver sobre a mesa
O médico legista
PDF 902


Um corpo jaz sobre a mesa fria. Aguardava uma papelada para ser examinado, procedimentos de praxe para garantir legalmente a violação de um corpo. Uma morte precisava ser investigada,.


Um grupo de profissionais em volta da mesa fazia seus últimos atos preparatórios para dar início aos exames. Calçaram as luvas e colocaram máscaras, como proteção individual, um EPI para exames simples. Começaram por uma análise visual sem tocar o corpo. Avaliações por estimativas eram anotadas em uma prancheta por um escrevente; altura, peso corporal; cor da pele, dos cabelos e dos olhos. Outro participante do grupo segurava um gravador, para gravar a fala do chefe da equipe. Tudo era anotado ou gravado, por menor que fosse o detalhe. Cada detalhe encontrado poderia ser a chave para solução do caso. Terminaram a primeira fase da inspeção.


Em um segundo momento já era possível levantar partes do corpo para uma visão mais minuciosa. Pararam por um momento e conferiram os dados anotados, para que na declaração oficial houvesse um consenso geral entre os peritos. Tudo era registrado para chegar a um resultado, ou consultar detalhes que um ou outro deixasse despercebido. Uma câmera fixa registrava tudo.


Resíduos na pele e debaixo das unhas foram retirados como amostras e encaminhados ao laboratório. Uma amostra de saliva foi retirada com um palito envolto com uma gaze enrolada em uma das pontas. Nas roupas foram investigados a existência de resíduos de urina ou fezes. Tudo poderia contribuir para realização de um bom laudo.


Amostras coletadas, um exame minucioso por todas áreas do corpo foi executado. Não haviam grandes evidências pela superfície externa do corpo que pudessem constar em um atestado de óbito. Novas investigações deveriam ser executadas, como uma análise interna do corpo, e se necessário a retirada de órgãos. Novas luvas deveriam ser providenciadas, depois de uma exaustiva assepsia das mãos.


Um corte preciso abriu o ventre, expondo as vísceras. Cada uma delas tinha características próprias, com atividades fisiológicas e orgânicas, que deixavam pistas ao reter elementos químicos. Uma bibliografia extensa já existia relacionando órgãos com elementos químicos provavelmente encontrados, não encontrados e elementos suspeitos que não faziam parte das funções do órgão, sua fisiologia e patologias diversas.


Nada de concreto foi encontrado para justificar o laudo. Restava apenas uma alternativa para criar novas perguntas e buscar outras respostas. Questionar a família sobre seus desejos, seus comportamentos e desejos ocultos. Um membro da família aguarda na recepção, a oportunidade de colher informações.


Um componente da junta procura desvencilhar-se do vestuário de trabalho. Toma um café, respira fundo e dirige-se à recepção. Identifica o parente, identifica-se como funcionário daquele instituto e faz a primeira pergunta.

- O que você sabe sobre as últimas horas de vida do seu parente. Ele ingeriu algo diferente? Inalou algo não normal?
E o parente responde. - Assim como sempre, ele ingeriu bastante água.
Obrigado pela resposta. Era o elo que faltava para solução do caso. De acordo com nossas analises, seu parente era alérgico a água.


RESULTADO
Causa mortis; ingestão de água em excesso, causando um desequilíbrio hídrico. Levando a um encharcamento das células.


Um investigador não pode deixar um caso sem resposta.  A ciência não pode deixar uma pergunta sem resposta, para não perder sua credibilidade. Mesmo que a resposta gere perguntas, que ela se compromete em responder. Quem contestar o laudo que procure uma contraprova.


A ciência começa com uma cruz, Da cruz se faz um gráfico com quatro eixos, onde pontos são plotados formando um rosário. E o pesquisador com o rosário em mãos faz das suas visões e interpretações suas elucubrações como uma fé para o futuro.


Em 04/04/2017
Entre Natal/RN e Parnamirim/RN
Assinatura B F.jpg

Roberto Cardoso (Maracajá)
Reiki Master & Karuna Reiki Master
Jornalismo Científico (FAPERN - UFRJ - CNPq)


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